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Encontro de Ex-Combatentes em Paços de Ferreira

Texto e fotos: Carlos Morgadinho
19 de Maio de 2012

 

Esta reportagem só foi possível devido ao gentil apoio das firmas Vistasol Tours, Europa Catering & Convention Centre, Metrix Carpentry Contractors, Caldense Bakery, Bento’s Auto Tire Centre, Worker Canada Immigration Services Inc, Toledo Printing & Design, New Casa Abril e Macedo Wine Grape Juice Ltd. Aqui deixamos os nossos agradecimentos ao José Duarte, Manuel de Paulos, Manuel (Manny) da Silva. Hélder Costa, Bento S. José, Richard Boraks, Lynda Matias, Januário de Barros e David Macedo, respetivamente. Um bem-haja para todos estes nossos patrocinadores.

José Marinho (O Sapateiro)

Todos os anos, e por todos os lugares, vilas e cidades do nosso Portugal, é habitual realizarem-se encontros/convívios de ex-combatentes da guerra colonial nas três frentes das então chamadas colónias africanas da Guiné. Angola e Moçambique. Esta luta armada dos movimentos libertadores daqueles mencionados países do Continente Africano pôs um ponto final ao império português de mais de quinhentos anos como também contribuiu para a queda da ditadura que vigorava na Pátria Lusa desde 1926, pelo golpe de estado que eclodiu no dia 25 de Abril de 1974 e por muitos conhecida pela “Revolução dos Cravos”. Mais de oitocentos mil soldados foram, em treze anos, de 1961-1974, enviados para o teatro de guerra onde nove mil tombaram acrescido de um número ainda incerto mas calculado em cerca de cem mil baixas entre feridos, estropiados e trauma psiquiátrico, ou pós traumático síndroma, que vem com mais ou menos incidência afetando a qualidade de vida desses ex-combatentes.

Os elementos presentes (cerca de 40) da Companhia de Caçadores 2531

Desta vez, e por estarmos em serviço em Portugal, fomos convidados pelo coronel reformado de Infantaria, Sebastião Goulão, a estarmos presentes num desses muitos encontros de ex-combatentes, duma unidade destacada na Guiné, a Companhia de Caçadores 2531, que se realizou no Restaurante Montanha Azul, em Erzil, em Paços de Ferreira, no passado dia 19 de Maio, com a presença de 80 convivas entre membros daquela Companhia e familiares.

Vista parcial do salão

Rapidamente iremos focar a origem desta referida Companhia que foi formada em Abrantes, no Quartel do Regimento de Infantaria 2 e, sob o comando do então capitão Sebastião Goulão, embarcou para a Guiné no ano de 1969 tendo regressado a Portugal no dia 12 de Fevereiro de 1971, com menos 40 homens (2 mortos, 22 feridos, dois dos quais sucumbiram tempos depois após o evacuação e os restantes por problemas psiquiátricos e outras doenças das quais se destaca a hepatite). Foi destacada para o quartel de Bimbe de tendo sido rendida no dia 1 de Dezembro de 1970 donde seguiu para Bissau e dali, um mês depois, regressa a Portugal.

O "capitão" Goulão e o furriel Fraga

Segundo o seu comandante, o coronel Sebastião Goulão, o dia mais triste desta comissão foi a 16 de Abril de 1970 causado pelo deflagrar de 4 granadas de morteiro dentro do aquartelamento lançados pelos guerrilheiros e que causou, de imediato, 2 mortos e 22 feridos. Segundo a opinião deste ex-militar e comandante daquela companhia operacional, este desaire ficou-se a dever ao facto desta unidade ter sido dada proibição, pelo então general António Spínola comandante chefe naquele território, da continuidade no patrulhamento e de ação de guerra por a zona ter sido declarada pacificada dando com isto oportunidade de movimentação e de ações ofensivas contra as nossas tropas por parte do inimigo. Muitos outros ataques perpetrados pelo inimigo foram nos meses seguinte realizadas contra as nossas tropas mais destacadamente contra esta companhia tendo no dia 7 de Junho, sofrido um ataque de fogo de morteiro de 4 horas ao quartel e a um seu pelotão destacado no Encheia, na noite de S. João (23 de Junho do mesmo ano) que ininterruptamente foi bombardeado com morteiros pesados das 9 horas da noite até às 4 da madrugada.

O bolo comemorativo

Queremos anotar a emoção deste ex-comandante no momento em que se focou os mortos e feridos daquela companhia pois parou de falar por uns segundos ficando com a vista toldada pelas lágrimas que a muito custo conseguiu conter de as fazer rolar pela face. São momentos difíceis de se relembrar. Falou-se seguidamente dos que já partiram deste mundo e dos que se encontravam doentes e até daqueles que emigraram ou dos que não se sabe do paradeiro. Depois foi a vez de se falar dos mais “carismáticos” como o José Marinho (o Sapateiro), o Primeiro-cabo Marta, o furriel Fraga, o alferes Guedes e outros mais cujos nomes olvidamos mas que também foram lembrados pelas paródias, desobediências e até de atos de abnegação e valor em campanha pois houve até quem recebesse a condecoração de Cruz de Guerra em combate, a mais alta então em ações de combate.

O furriel Fraga e mais uma das suas - quebrou a taça

Presente o soldado Abílio Pedrosa um dos homens feridos e evacuado por ferimentos mas que passados meses foi dado alta do Hospital Militar de Lisboa e reenviado para a Guiné com uma bala alojada nas costas, que ainda a mantem no presente pois, ao que parece, ser difícil extração e de alto risco para aquele ex-militar, pelo que é membro da Associação de Deficientes das Forcas Armadas com um grau de incapacidade que não apuramos naquele momento.

Vista parcial do salão

Ficou, naquele almoço, estabelecido que o próximo almoço/convívio, de 1973, será realizado em Felgueiras pela mão de José Marinho (o Sapateiro). Finalmente procedeu-se ao corte do bolo comemorativo e acompanhado de champanhe foi saudada a “irmandade” desta gente que durante dois anos, há muitos anos atras, viveu e sofreu de mãos dadas, as agruras duma guerra que não teve razoes para existir – somente pela teimosia e insensatez do ditador Salazar.

O "capitão" Goulão durante a sua breve alocução

Para o coronel Sebastião Goulão e para todos os membros presentes da Companhia de Caçadores 2531 e seus familiares, obviamente, aqui deixamos a nossa gratidão pelas atenções e prova de amizade que nos foi dirigida durante este evento. Bem hajam.

O "capitão" Goulão durante a sua breve alocução 

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